Qual é a diferença entre padres e pastores?

Qual é a diferença entre padre e pastor

Muitas pessoas se questionam quanto a diferença entre padres católicos e pastores evangélicos. As repostas dadas a essa pergunta são na maioria das vezes extremamente superficiais, pois apegam se a elementos acidentais tais como as funções dentro da organização religiosas a qual pertencem, por exemplo, falar que o padre celebra missas e o pastor cultos, que o padre atende confissão e o pastor não. E a clássica diferença e não menos superficial a de que padre não pode casar e pastor pode, e tantas outras banalidades são mencionadas como diferenças entre ambos.

Para começar a responder o que realmente difere padres católicos e pastores evangélicos temos que compreender o que é o sacerdócio, pois uma das principais distinção está no fato de que um padre é um sacerdote ordenado sacramentalmente e por essa razão existe uma diferença ontológica entre diáconos, padres e bispos, esses são os três graus do sacramento da ordem, e os pastores evangélicos.

Sedo assim vamos agora aprofundar o conhecimento sobre o sacramento da ordem, para entendermos o sentido real do sacerdócio. Antes de tudo a ordem é um dos sete sacramentos deixados por Cristo para a sua única e verdadeira Igreja. O Sacramento é ação visível que realiza uma graça invisível. Em outras palavras é a ação do próprio Deus realizada por meio de elementos humanos. Por exemplo, no bastimos temos o rito principal de molhar a cabeça da pessoa que está sendo batizada com água e se diz as palavras eu te batizo em nome Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esses são os sinais visíveis que realiza uma graça invisível, nos torna filhos de Deus, membros do Corpo Místico de Cristo e aderimos a salvação que Jesus Cristo nos deu com sua morte e ressurreição.

O batismo é o primeiro dos sacramentos, e entre os seus muitos efeitos um deles é a nossa participação no sacerdócio de Cristo. Cristo é o único e verdadeiro sacerdote. E o que significar ser sacerdote? Sacerdote é aquele que oferece o sacrifício para a remissão dos pecados, é aquele que tem a missão de religar o homem caído pelo pecado a Deus.

Em praticamente todas as manifestações religiosas temos a presença de sacerdotes, porém apenas Jesus Cristo é único e verdadeiro, uma vez que há um único Deus, e um único caminho que conduz a remissão dos pecados que nos religa a Deus. Portanto se a palavra religião significa religar o Homem a Deus, somente Cristo realiza essa reunião.

Sendo o Cristo o redentor da humanidade Ele perpetua no tempo e no espaço a sua obra redentora por meio da Igreja. E no ato de fundação da igreja Ele constituiu Pedro e os apóstolos como continuadores de sua missão salvífica e para tal lhe deu o poder sacerdotal de ligar o céu a Terra. Tudo que ligares na Terra será ligado no céu e tudo o que desligares na Terra será desligado no céu. cf. Mt. 18,18.

Deus se faz presente em nosso meio de diversas maneiras, na sua onipresença, na sua palavra e em cada um de seus filhos, contudo é no sacramento da eucaristia que Jesus se torna presença real em Corpo Sangue Alma e Divindade. O sacramento da eucaristia está vinculado diretamente ao ministério sacerdotal. Já no antigo testamento como prenuncio da nova e eterna aliança em Jesus Cristo foi instituído sacerdotes com a finalidade oferecer sacrifícios a Deus para remir os pecados, por meio da imolação de animais. Os elementos desses sacrifícios eram a vítima (o animal), altar (local da realização do sacrifício) e o sacerdote (quem oferecia o sacrifício).

Jesus em sua paixão na cruz realiza de uma vez por todas o único e eterno sacrifício que redime a humanidade, é Ele sacerdote, altar e cordeiro. Esse único sacrifício se atualiza em cada celebração da eucaristia. E o sacerdote católico devidamente ordenado são sucessores dos apóstolos e participam de forma mais profunda e específica do sacerdócio de Cristo.

O diácono, padre e bispo católicos ao realizar seu ministério não agem por si mesmo, mas in persana Christi, ou seja, na pessoa de Cristo, com um outro Cristo. Quando o evangelho é proclamado é o próprio Cristo quem fala, ao perdoar os pecados em confissão é o próprio Cristo quem perdoa, ao consagrar o pão e o vinho e eles se transubistanciar em Corpo, Sangue, alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo é o próprio Cristo que renova seu sacrifício redentor. E para tudo isso Deus quis usar dos diáconos, padres e bispos como instrumentos, como canais visíveis das graças de Deus. Por essa razão recebem o sacramento da ordem, que os configuram ao próprio Cristo.

Voltando a pergunta inicial sobre a diferença entre os padres católicos e os pastores evangélicos. Os pastores têm uma grande liberdade no seu agir, são eles quem conduz de fato suas organizações religiosas, pois agem por si mesmo e com objetivos próprios. Por isso podem se casar, ter bens, e agir conforme lhe parecer melhor.

Já os padres são escravos de Cristo, pois estão ligados a Ele de forma ontológica, como diz São Paulo já não sou eu quem vivo, mas Cristo que

vive em mim. As condutas dos padres estão todas determinas pela fé e doutrina da Igreja, que é o corpo místico de Cristo.

Prof. Pedro Paulo de Menezes